querer
A busca por transformação social e a autenticidade como uma mercadoria altamente valiosa
Conflitos intergeracionais
A busca por auto expressão
As década de 1960 a 1980 foram marcadas por conflitos e contradições, ao que a música se destacou como veículo de expressão. O surgimento do rádio transistorizado, menor, mais leve e mais barato, não limitava mais a experiência musical ao ambiente comum: com ele era possível desfrutar de suas músicas favoritas quando e onde desejasse.
Inicialmente, a busca pela autenticidade e liberdade era, em parte, uma resistência à mercantilização da vida cotidiana, um desejo de liberdade frente às imposições sociais da época.
O Festival de Woodstock representou a convergência musical daqueles que urgiam por transformação econômica, social e política, mas também foi marcado pelo lançamento de astros do rock que se tornaram símbolos de um novo padrão social e econômico.
A subversão da autenticidade
O desejo de transformação fez com que os artistas, expoentes da contra cultura, não fossem apenas músicos; eles se tornaram marcas, com o desejo de consumo tornando seus produtos – discos, ingressos para shows, merchandising – em itens de culto, carregados de significados que iam além de sua simples função estética ou utilitária.
Ao lado é possível ver o momento em que Jimmy Hendrix, considerado um
dos maiores guitarristas do mundo, queima a própria guitarra em cima do
palco do festival de Monterey, na Califórnia. Ao ser perguntado sobre que loucura era aquela, Hendrix respondeu que loucura, para ele, era
incendiar o Vietnã.
Jimi Hendrix coloca fogo em guitarra no Monterey Pop Festival -1967.
Cena da guitarra no filme Blow Up – 1966 – Yardbirds – Jimmy Page & Jeff Beck.
A cena da guitarra no filme “Blow-Up” (1966), onde o protagonista destrói uma guitarra e o público avidamente disputa seus fragmentos, simboliza essa transformação da música em objeto de culto e a desintegração do valor artístico em fetiche comercial. Hoje a guitarra que Jimmy queimou vale centenas de dólares, por exemplo.
É proibido proibir
Assim como a contracultura nos Estados Unidos e na Europa, alguns anos depois a sociedade brasileira também questionava a censura, a opressão política e a rigidez cultural através da música, refletindo uma juventude que ansiava por uma ruptura com o passado violento, conservador e autoritário.
O movimento artístico da Tropicália, surgiu no final dos anos 1960, com os compositores brasileiros em especial buscando romper com as convenções ao usar jogos de palavras e figuras de linguagem para escapar da censura militar.
em resumo
Esse processo ilustra que mesmo elementos que inicialmente se opõem à ordem capitalista podem ser absorvidos e reciclados como mercadorias fetichizadas, reforçando o próprio sistema que criticam. A década de 1960, portanto, não só viu o nascimento de ícones musicais, mas também a consolidação de um mercado cultural onde a autenticidade era uma mercadoria altamente valiosa.