Design para solidão

capítulo cinco:

pertencer

A posse de bens como meio de acesso a ambientes e pertencimento a grupos distintos

Formas de acesso

A questão do pertencimento

Em geral, para o design pertencimento significa formas de inclusão, que podem abranger desde a facilidade de uso até a representação de diversas identidades culturais.

Restringir o pertencimento pode ocorrer de  forma não intencional, com interfaces complexas ou ausência de funcionalidades de acessibilidade, ou intencional, de forma a limitar a disponibilidade para criar uma falsa escassez e exclusividade que valorize a mercadoria.

Inclusão funcional

Facilidade de uso

 A facilidade de uso dos primeiros computadores pessoais foi crucial para atender a essa demanda de pertencimento.

Interfaces gráficas amigáveis, como a introdução do mouse e das janelas, permitiram que indivíduos com pouco ou nenhum conhecimento técnico pudessem explorar e se beneficiar das novas tecnologias.

O Macintosh original, 1984.

“Think Different” (Pense diferente) – Comercial da Apple criada pela agência TBWA/Chiat/Day. 1997

Mas na lógica de inclusão pelo consumo mesmo a vontade legítima de conexão se torna o pertencimento a um grupo social distinto.

Essa noção implica que o valor e a posição social de um indivíduo são determinados por sua capacidade de adquirir e consumir bens e serviços, em vez de suas qualidades inerentes, contribuições à sociedade ou conexões significativas com os outros.

Veja como a apple criou esse pertencimento a um grupo distinto através de seu comercial “Pense diferente’ de 1997.

A era do eu

O produto como auto-valorização pessoal

O life style design tirou o valor das pessoas e botou no produto, que se tornou uma promessa daquilo que elas poderiam vir a ser. A posse se tornou o símbolo de uma visão de mundo, um estilo de vida.

O Nike Air Jordan, por exemplo, foi vendido em massa ao ser associado à performance do jogador, criando o desejo de consumo e ostentação em todos que apreciavam o esporte.

Isso acabou transformando indivíduos em consumidores obcecados pela imagem, levando a uma sociedade onde o valor das pessoas é medido através do consumo e das aparencias.

Veja abaixo as consequências desse sistema no curta metragem animado Happiness, do produtor independente Steve Cutts.

 

Michael Jordan, usando o Air Jordan 1 em 1985. Getty Images.

em resumo

Houve uma dicotomia sobre o valor percebido, em que a propagação do ideal de “vencer na vida” não é baseada em condições dignas ao lado de pessoas amadas, mas sim na ostentação da posse e exibição de si através dos bens de consumo.

Capítulo quatro: Querer

Capítulo seis: Consumir